
Sem arrependimentos
O texto a seguir é de do grande mestre tibetano Dilgo Khyentse Rinpoche (Tibete, 1910 – Butão, 1991) e foi extraído do livro, “Enlightened Courage”, cap. 5.
Milarepa disse: “Minha religião é não ter nada do que se arrepender quando morrer”. Mas a maioria das pessoas não dá nenhuma importância a essa maneira de pensar. Fingimos ser muito calmos e controlados, cheios de palavras doces, para que as pessoas comuns — que não conhecem nossos pensamentos — digam: “Esse é um verdadeiro bodisatva”. Mas é apenas nosso comportamento externo que elas veem.
A coisa importante a fazer é não realizar qualquer coisa que possamos nos arrepender depois. Portanto, precisamos nos examinar honestamente.
Infelizmente, nosso apego ao ego é tão grosseiro que, mesmo se tivermos sim alguma pequena qualidade, pensamos que somos maravilhosos. Por outro lado, se temos algum grande defeito, nem mesmo percebemos. Há um ditado que diz: “No pico do orgulho, a água das boas qualidades não permanece”.
Então, devemos ser muito meticulosos. Se, após examinarnos completamente a nós mesmos, pudermos colocar as mãos no coração e honestamente pensar: “Minhas ações estão todas corretas”, então isso é um sinal de que estamos ganhando alguma experiência no treinamento da mente.
Devemos então ficar contentes que nossa prática tem ido bem e nos determinar a fazer ainda melhor no futuro, assim como fizeram os bodisatvas de outros tempos. Com todos os meios devemos gerar antídotos cada vez mais, agindo de modo a estar em paz com nós mesmos.


19 Comentários
rodrigo
Como tomar atitudes das quais não vamos nos arrepender quando temos uma mente que nos culpa por quase tudo? Eu fui criado num meio em que muita coisa é considerada “pecado”. Seria necessário romper com essa forma de pensar? como ver o pecado dentro do pensamento budista? Poderia colocar algum texto sobre essa temática Leonardo? Grato.
Sueyne Maria Schramm
Excelente texto! Parabéns e obrigada por compartilhar conosco 🙂
Yara Horta
Gostei da sinceridade!
Gerson Júnior
Leonardo, é complicado definir, em alguns contextos, o que está certo e o que está errado.
Karla Oliveira
Sou espírita, e tenho muito respeito por essa religião, tenho muitas dificuldades para ouvir mais do que falar, e em um certo dia alguém me perguntou se eu sabia o motivo de termos dois ouvidos, e eu claro não soube responder, e essa pessoa me disse que é porque devemos ouvir mais do que falar, porém para mim ainda é difícil, eu tenho muita força de vontade e estou me esforçando bastante para mudar esse defeito em mim.
Dudu
Excelente post, Leonardo. Há muito vinha me martirizando com atitudes de outrora. Todavia, após começar a me aprofundar no budismo, percebi que não se deve viver no passado. O que passou, passou. Estou vivendo bem melhor agora. Porém, não me afirmo budista, pois tenho uma grande dúvida : Para se denominar budista, é necessário a crença em vida após a morte ou ressurreição ? Pois desacredito em ambos. Abraços e parabéns pelo blog. Sempre ótimos conteúdos.
Dudu
*reencarnação
Maísa
Muito interessante e sábio! Vou ler mais sobre esse grande mestre tibetano 😉
João Luis Lopes
Obrigado por existirem e me conceder essa oportunidade de me tornar oma pessoa melhor.
antônio carlos cropalato di tullio
Caso possa poderia receber em meu imail essas mensagens?Sou professor de Yoga.
Obrigado
Leonardo Ota
Olá, Antônio! Tudo bem?
Para receber os posts em seu e-mail, é só preencher o box “Newsletter” na coluna ao lado.
Um abraço!
ELCY CUNHA BERANGER
Na minha vida, o meu norte sempre foi estar em paz comigo quando com a cabeça
no travesseiro. Bom saber que estava agindo acertadamente. Obrigada pelo compartilhamento, pra mim tem sido sempre uma nova lição. Abraço grande._/_
Roberto Areias
Como tomar atitudes das quais não vamos nos arrepender quando temos uma mente que nos culpa por quase tudo? Eu fui criado num meio em que muita coisa é considerada “pecado”. Seria necessário romper com essa forma de pensar? como ver o pecado dentro do pensamento budista? Poderia colocar algum texto sobre essa temática Grato.
Jigme Wangchuck (Leonardo Ota)
Olá, Roberto. Tudo bem? Temos a tendência de utilizar referências para entender o mundo a nossa volta. Isso é normal, mas nesse caso, você deve olhar o Dharma em uma nova perspectiva. Não existe pecado no budismo, existe causa e efeito, nos colhemos o que plantamos, então cuidamos das nossas ações de corpo, fala e mente. Meus melhores votos!