
A Água
Vemos, nos sutras, que o Buda usa freqüentemente o exemplo da água. A água muda sua forma de acordo com o recipiente no qual é colocada, mas nunca muda sua essência ou sua natureza.
Quando numa tigela redonda, a água torna-se redonda. A água não é teimosa, como alguns homens; ela se adapta às situações. Contudo, ao mesmo tempo, ela permanece água e nunca muda sai própria essência.
A água é muito humilde. Ela sempre procura o nível mais baixo. Nunca tenta chegar ao topo para se exibir; sempre vai para o fundo. O nível mais baixo é o lugar mais seguro, natural e pacífico. A água é suave e submissa; no entanto, tem um imenso poder dinâmico que pode girar grandes rodas d`água e derrubar diques e paredões de concreto.A água devasta a aldeia como um dilúvio; corrói o granito à beira-mar; pingando de uma calha, pode fazer um buraco na pedra. Ainda assim, ela é suave e dócil.
Ela é a coisa mais serena e pacífica numa calma manhã na baía. Eu sempre admiro o lago Michigan quando dirijo pela Marginal do Lago. Em algumas manhãs, o lago está calmo, em repouso, belo. Mas esse mesmo lago também mostra sua fúria terrível, açoitando as rochas da margem. Contudo, não há intenção, não há artificialidade na água.
A água não finge. Quando aquecida até certo ponto, transforma-se em vapor; quando esfriada até certo ponto, congela. Quando se transforma em vapor ou em gelo, ela deixa de ser água e de agir como água. Mas sua tendência é voltar à forma original. A água é extremamente versátil, de acordo com sua natureza.
A água é a fonte de toda a vida. Sem ela, não haveria vida. Quando as coisas estão molhadas, dizemos, “Está molhado e sujo” e não gostamos disso; mas a verdadeira umidade é a coisa mais importante na vida. Do mesmo modo, em nossa vida, muitos dos nossos problemas e dificuldades são coisas desagradáveis, mas os verdadeiros problemas são a própria vida. Se não houvesse problemas, não haveria vida.
Diz-se com freqüência que a mente de Buda é uma grande mente-oceânica. A mente de Buda é ampla o bastante para receber e aceitar todas as coisas e purificá-las, assim como o oceano recebe todas as águas poluídas dos rios e as purifica. Se tivermos uma grande mente-oceânica, acolheremos todas as coisas e não nos perturbaremos com elas. Não existe tensão, não existe nenhum tipo de complexo na grande mente-oceânica. Podemos meditar muito acerca da água; na verdade, podemos aprender muito com ela.
Rev. Gyomay Kubose


7 Comentários
Gustavo Gitti
Que texto bonito do Rev. Kupose.
Obrigado, Leo!
Célia Melo
Muito bom!!
CADU Monteiro
Grande parte da nossa composição é água, isso explica muita coisa sobre nossa essência!
Eduardo
Puxa!!! Que belo texto hein meu!!! Obrigado
PAULO MONTEIRO, TORRES RS
QUE RIQUEZA CARO REVERENDO, UM APRENDIZADO INESQUECIVEL.
anelise
muito bem explicado ,parabens otimo!
Clélia De Fátima Louzada
Gratidão pelo ensinamento