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Topo do mundo
Quando alguém sobe em uma montanha, nos épicos gregos, significa que algum confronto, alguma batalha ferrenha está prestes a acontecer. É um sinal gráfico.
É também esta uma metáfora para o enlace do que se é para o vir a ser.
No momento em que um homem ou uma mulher sobe em um local como uma colina, ou entra numa caverna, ou se arrisca no deserto ou se funde à selva, é sinal de enfrentamento. Foi assim com Moisés, Maomé, Jesus e Buda.
Todos eles têm em comum esse desprendimento do mundo exterior para uma autoafirmação de não serem o que, até antes da provação futura, achavam que eram.
E todos eles da mesma forma tiveram na natureza o seu mestre-mor. O mestre, o guru não está em uma pessoa. O professor perene é o dia a dia; é a situação isolada, vivida no presente; é o entorno; é a montanha, a caverna, o deserto, a selva.
O que, então, todos eles buscavam? Este ensinamento. Afinal, por mais que saibamos disso, a aplicação tem que ser por vias de consciência, não de mero conhecimento de tal assunto. Lançar-se ao desconhecido é, paradoxalmente, tomar as rédeas.
É o que coloca o poeta, teólogo e jurista persa que viveu no século 13, Jalal ad-Din Muhammad Rumi em uma de suas máximas mais famosas:
O que você procura está procurando por você.
Às vezes, não sabemos o que estamos buscando até descobrirmos que o próprio caminho é o que tanto ansiávamos, já que nele podemos sempre estacionar no agora.